Thomas Bakk, brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro em 1963 e reside em Portugal há 22 anos. Formado em Arte Dramática no Brasil, pela Escola Estadual de Teatro Martins Pena, em 1984, define-se por ele próprio como um contautor. Contador de histórias, autor, ator, dramaturgo e poeta, tem obras publicadas e peças encenadas em Portugal, Brasil e Angola.
Eu chamo-me Thomas Bakk,
Assim consta nos papéis.
Nos livretos de almanaque
Sou “O Senhor dos Cordéis”.
Trabalho desde miúdo
No ofício da criação,
Fazendo um pouco de tudo,
Por vício da profissão.
Formado em Arte Dramática,
Nunca aprendi a lição.
Quem me ensinou foi a prática,
Sem pós, nem graduação.
No início atuei na rua,
Sozinho p’ra multidão,
Despido, com a cara nua,
Só de fato-macacão.
Chamavam-me nessa altura
Pela alcunha mais fiel
De “operário da cultura”
Do Teatro de Cordel.
Cansado de ser o bobo
Da corte, sem um tostão,
Fui eu para a Rede Globo
Ser autor de televisão.
Voltei às origens tesas,
Trabalhando desde então
Com Teatro nas empresas,
No Campo da Formação.
Não aguentando a vileza
Do produtor meu patrão,
Deitei as cartas na mesa,
Para a minha demissão.
Fui trabalhar nas escolas,
Na Área da Educação,
Levando teatro às tolas,
Em forma de intervenção.
Enquanto o ofício cénico
Só me rendia vanglórias,
Deixei de ser académico,
P’ra ser contador de histórias.
Resgatei meu cariz lúdico
E não me arrependo disso,
Pois trabalho para o público,
Sendo apenas um castiço.
Thomas Bakk