Natural de São Paulo, Mestre Beija Flor é uma figura cativante na capoeira, cuja trajetória é tão fascinante quanto os movimentos dessa arte afro-brasileira. Aos 14 anos, descobriu a capoeira com a orientação do Mestre Sombra, um encontro que moldaria a sua vida de maneiras extraordinárias.
Em 1979, a Associação Senzala de Santos reconheceu nele um talento promissor, e Mestre Sombra orgulhosamente lhe concedeu o seu primeiro cinturão de capataz de capoeira. A partir desse momento, a paixão de Mestre Beija Flor pela capoeira só cresceu.
Em 1984, fundou a sua própria academia em Santos, no Engenho Velho, um espaço onde os ritmos pulsantes da capoeira e a cultura brasileira se entrelaçavam. A mudança para Paris em 1989 marcou a criação da Associação Capoeira Paname, um marco pioneiro para a capoeira na Europa. Mais do que uma simples escola de capoeira, a associação tornou-se um epicentro onde a arte se desdobrava em desporto, dança, luta livre, expressão corporal e musicalidade. Uma verdadeira celebração da riqueza da capoeira.
Em 1991, Mestre Beija Flor alcançou o estatuto de Mestre de Capoeira, consolidando a sua posição como um líder respeitado na comunidade. A busca pela excelência não parou por aí. Em 2016, coordenou um projeto inovador chamado “Capoeira à Lá Une” na Europa, ampliando os horizontes da capoeira através de vídeo e web.
Para além dos troféus nas rodas de capoeira, Mestre Beija Flor também brilha na esfera musical. Dois CDs lançados sob a sua direção receberam o prestigioso Diapasão de Ouro, uma homenagem merecida à sua maestria não apenas como mestre de capoeira, mas também como músico talentoso.
O seu compromisso social é igualmente impressionante. De 2019 a 2022, a convite de Rui Frati, diretor do Théâtre de l’Opprimé em Paris, Mestre Beija-Flor liderou oficinas de expressão, utilizando a capoeira como uma forma poderosa para que jovens em dificuldade pudessem canalizar as suas experiências de opressão e violência.
Em 2017, a UNESCO reconheceu oficialmente Mestre Beija Flor pelo seu notável contributo para a capoeira. E em 2020, presenteou o mundo com o livro “Vem Jogar Capoeira”, uma obra que desvenda os passos básicos dessa arte cativante.
A sua história é uma dança constante, um verdadeiro jogo de capoeira onde cada movimento conta a história de uma vida dedicada à arte, à cultura e à transformação.
Hoje, Mestre Beija Flor continua como coordenador artístico da Associação Travessias Culturais.